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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Mais um ano se passou...

Que época intensa essa a que vivemos! O toque do olhar, a infância revivida, a forte energia que nos ligou. A admiração própria de não saber o que fazer com as próprias aspirações. A luta interna perdida por tirar as expectativas da minha vida, a surpresa pela luta perdida. O presente da tua atenção. Nossas sequências de olhares, abraços, carinhos; nossa falta de habilidade de ficarmos distantes um do outro. O vinho, o fumo, a areia - enfim, o beijo: o primeiro, o segundo, as contas perdidas. Um olhar mergulhando no outro. Um feriado inteiro juntos, Ogum nos abençoando. Tua fragilidade no meu ombro, minha vontade de te colocar debaixo das minhas asas.

Depois foi a verdade contada, a tristeza contida, um destino interrompido. O beijo na testa, a tentativa de me afastar, a tua insatisfação. Mais vinho, mais areia, a lua vermelha no céu. "Senta do meu lado", "lembrei de você", ouviu a música no rádio, cantamos como crianças. Teu olhar de menino, olhar pedinte, as bocas se unem novamente. Tua pressão no meu corpo contra a grade, tuas mãos nos meus cabelos, tuas canções adaptadas em minha homenagem. Te arrependes e meu coração se parte. Fingimos não fugir um do outro a partir dali. Fingimos não haver magia onde todo mundo vê.

Protestos, viagens, nos encontramos no meio da estrada. Teu nariz roçando no meu pescoço, rio prá não me dissolver nos seus braços. A alegria do reencontro. O número do palhaço na arena do vizinho. O reconhecimento do seu lugar nos sonhos que tive na adolescência. Já te conhecia antes mesmo de conhecer. Ouço tuas estórias como se eu tivesse estado lá. A taquicardia que não passa. Os meses que vão passando, ao invés. Meu riso que é tão feliz contigo. "Sou sua mas não posso ser / Sou seu mas ninguém pode saber" - Nando Reis embalando nossos dias. Minha carta no seu aniversário, seu coração no meu caderninho. O fusca laranja da nossa infância partida. Nosso passeio pelo umbral, teu gesto firme que me puxa prá perto prá abraçar.

A cidade lavada pelo temporal, eu no meu jejum. Teu olhar pedinte de novo - me entregaria eu, novamente? O brilho do seu olhar, você buscando minha atenção enquanto fujo. "É assim que a gente fica?" - e foi assim que ficamos. Teus pesadelos fora de casa. Dormir de mãos dadas, teus desenhos de mim. Teu carinho na flor de hibisco. As moedas que encontrei pelo caminho.

Meu amor, amore mio, telefonemas mil, uma ou duas horas de conversa, teu olhar que se ilumina e me acompanha, teu sorriso me mostrando o caminho. "Só não larguei tudo por causa de você", "me abraça que você é minha fruta favorita...", "sabe o que eu queria fazer com você?". Não, não sei. Você nunca termina suas frases! A gente brinca, você me bate, eu te bato. Sua mão busca a minha e nossos dedos se entrelaçam. Encosto a cabeça no teu ombro e termina assim nosso último encontro.

Ufa! O que 2013 reserva prá nós?
Até lá!

Shalom!


domingo, 23 de dezembro de 2012

E o mundo não acabou...

Ao teu encontro, teu olho brilha, teu sorriso abre, seu rosto ilumina. Impossível não notar. Passamos o dia juntos, nos abraçamos, tentei te ajudar, "para de me remendar", "só não larguei tudo por causa de você", e eu achando que estava enlouquecendo. "Amore mio", bobagens mil, a cruz de malta enrubescendo, "mas isso não tem nada a ver com nós dois...", "não entendi sua preocupação", guarda teu trabalho, teu olho castanho. Saímos e do meu lado uma moeda parece saltar ao chão. "Vai ver um anjo passou e jogou essa moeda prá você". Sim, eu sei, pensei o mesmo. Num dia que não precisava ter fim, não dissemos adeus. E no dia seguinte, tudo se repete: te encontro, teu rosto ilumina, e eu tento me controlar para não transparecer o mesmo enquanto sua mão busca meu quadril.

Dessa vez os anjos deixaram as moedas de lado: encontrei uma nota de 10 reais no chão. Você sorri, sonolento, pega na minha mão e a abriga na sua. Os dedos se abrem e se entrelaçam, se acomodando. Era como estar protegida debaixo das suas asas, como ser pequenina e usar sua mão de cobertor. Deitei a cabeça no seu ombro com medo de me mover um milímetro a mais e acabar acordando daquele sonho. Mas era real, você ali, com tanto medo quanto eu de se mover um milímetro. Era um momento tão perfeito no tempo e no espaço que qualquer excedente poderia estragá-lo. Não temíamos o fim do mundo, mas o fim daquele momento.

A gente desce, se abraça, deseja boas festas um ao outro você me lança mais uma vez aquele seu olhar pedinte - enquanto peço forças aos céus. Como resistir àquele brilho no olhar? Àquela covinha que você revela marotamente num sorriso - sorriso esse que me devora?

Adeus, preciso ir-me! Pare de me hipnotizar com seus gracejos! Já me deste as respostas que eu precisava. E assim levo comigo, entre outras coisas, o toque da sua mão na minha, a sensação dos dedos atrelados aos seus. E assim vou prá casa celebrando a vida, porque perguntei e fui ouvida.

Até o ano que vem!

Shalom!




domingo, 16 de dezembro de 2012

Meus presentes maiores!

Em outubro, Seu Zé já tinha me dito prá não me deixar levar por falsas promessas. "Você já passou por isso antes, sabe o que vai acontecer. Não repita os mesmos erros do passado.". Mas um coração carente é burro, se deixa levar, porque as vezes é simplesmente difícil esperar.

Eu não sei como eles não desistem de mim. Tive vários presentes de aniversário, a visita de cada um tornou a data ainda mais especial prá mim. E eles complementaram: "o que você tem no seu coração é muito bonito. Lute por isso!". Céus, o que eu estava fazendo da minha vida? Dispus-me a entregar minha vida prá qualquer um? Prá quê?

Não verdade, a pergunta é "por quê?": porque eu simplesmente acho que é tudo coisa da minha cabeça e duvido de tudo. Precisou vir minha mãe Mulambo pra dizer as coisas que eu não teria coragem. Como uma verdadeira mãe, quis limpar meu caminho de qualquer obstáculo que pudesse surgir, proteger meu destino de qualquer pessoa que quisesse interferir. Enfim, aceitei.

Já era tarde, hora de voltar prá casa depois de celebrar meu aniversário com coisas que adoro: vinho e amigos. Encarnados e de outro plano. Foi uma noite linda, e eu já não esperava mais nada.

Até que cheguei ao ponto de ônibus. Ele estava de costas para mim, e assim que o reconheci, achei que era coisa da minha cabeça. Mas não: era ele! Quando ele me viu, me deu abraços pelo aniversário, se desculpou por não ter estado lá, me beijou longamente o encontro entre o ombro e o pescoço. Era como se todos os guias vindos até aquele momento estivessem apresentando o presente final. Minha irmã, ali do meu lado, me olhava sorrindo como quem diz "tá vendo?". Respondi "não duvido de mais nada...". Minha fé é insegura e eu devia retornar à fé da minha infância, incondicional. Seu Sete Flechas disse que a balança tem dois lados. Quem decidia o que mais pesava era eu. Ainda que o mundo diga não, são eles que vou ouvir, porque minha força mora neles. E no amor abundante que carrego no peito, que às vezes me incomoda, às vezes pesa, mas que eu já entendi que é o que vale na vida. Afinal, fugir do próprio destino parece uma covardia da qual nunca fui capaz. Porque seria agora?

"Obrigada" é pouco. A gratidão que eu sinto não tem tamanho, não cabe em palavras!

(Meu amor é teu e pronto. Até o momento em que lá em cima não quiserem mais. Mesmo que você também fuja. Até o momento em que você deixar de fugir. Do nascimento ao fim da linha. Em todos os espetáculos que protagonizaremos. Quando o segundo sol chegar. Enquanto seus olhos falarem aos meus. Porque és meu presente maior dos céus - eu te amo e fim!)

Shalom!


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

"If you walk out on me, I'm walking after you..."

Todas as romanticidades expostas em minha carne crua. Me expus prá você, e tudo que você soube dizer era que não podia retribuir. Até achava bonito - mas, oras, achar bonito muitos acham! Larguei a mão de ser besta e me pus em meu lugar: não era o que você queria? Parecia ser...

Mal nos encontramos nessa semana. Ontem nos vimos, mas eu mal lhe encarava. Por que você ainda dizia tanto o meu nome? Questões que rodavam em minha cabeça, que já andava cheia de preocupações. Procurei não pensar, só me afastar.

Na sala escura, você chegou sua cadeira perto da minha. Eu só queria entender porquê. Tudo que lhe dei não foi suficiente? Eu só queria me livrar da dor, esquecê-la um pouquinho, e tudo que tive foi uma bad trip. Nunca mais. Fui embora sem dizer-lhe adeus, você também não sabia o que me dizer.

Tive medo de te encontrar hoje. Tenho medo de voltar a dividir momentos com você. Tenho medo. Tenho medo. Tenho medo.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Fechando um ciclo para abrir outro

É fim do ano. Dois dias para meu aniversário. Momento em que paro para reflexão.

Eu, ouvindo "All Star", me recordo de Nando Reis contando como foi compôr essa música, inspirado no profundo sentimento que o aliou à Cássia Eller. Essa música é quase unanimidade - e, certamente, o amor verdadeiro citado na composição acaba tocando aos corações que a ouvem. Coisas inspiradas no Amor (assim mesmo, com A maiúsculo) sempre chegam aos corações de outras pessoas. É algo que transparece, que transcende o entendimento lógico. Você simplesmente sente, enfim.

2012 foi, decididamente, um ano intenso para mim. Superações fizeram parte do dia a dia, assim como realização de sonhos que eu já nem acalentava mais - talvez, não obviamente. São coisas pequenas para grande maioria das pessoas, mas que ficarão registradas em mim. Conheci lugares e pessoas que transformaram minha percepção da vida. Experimentei sentimentos que até então eu não conhecia. Talvez eu nunca tivesse ido tão longe. Vivi sensações e momentos que me inspiraram a escrever, escrever e escrever. Talvez o que eu faço de melhor.

Descobri um poder dentro de mim que, até então, eu não tinha conhecimento. Amei à primeira vista, me iludi quando pensei que amava, reencontrei o caminho em outros braços, retornei ao primeiro caminho sem medo de errar. Aliás, medo de errar foi o que menos tive comparado a outros anos da minha vida. Estou ainda num longo caminho prá me livrar do medo, mas nesse ano dei meus primeiros passos. Porque eu errei tanto quanto acertei, mas eu tentei.

Vejo agora uma fase se finalizar, pedindo prá dar espaço a um novo ciclo. Me entoquei em meus pensamentos, quis me distrair deles me enchendo de compromissos. Mas sou como a fênix que tem que se recolher para inflamar e ressurgir das cinzas. As cinzas estão aqui, só falta eu renascer. E eu sinto que isso está para acontecer a qualquer momento. Para isso devo queimar meus temores e deixá-los prá trás.

Renovo-me aqui, escrevendo, mais uma vez. Nesse lugar onde tanto nasci quanto morri, em que tanto sorri quanto chorei. Vivi. E escrevendo desejo prosseguir na caminhada. Não há nenhum sentimento negativo que irá me parar - porque sou filha do vento, e vento enquanto escrevo. Meu coração é um tornado incontrolável de paixões e não há nada nem ninguém que o paralise. E porque, toda vez que em meu coração domina o Amor, é quando escrevo melhor, é quando toco outros corações. Como Nando Reis toca ao coração de quem escuta "All Star". Um tanto pretensiosa, mas não sou de ter sonhos pequenos: quanto mais tenho realizado, mais eu quero da Vida, e mais eu sei que a Vida me dará.

Obrigada a todos que fizeram parte, de uma forma ou de outra, dessa antologia linguística de amor e fé, nesse pequeno templo em que exponho minha carne crua e que chamo de lar. Alguns chamam de blog. Eu não me importo.

Ia'Orana!
Shalom!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Poemando e vencendo!

É com imensa alegria que informo que increvi um poema que bloguei aqui, e que ele foi um dos vencedores do concurso de Novos Poetas, promovido pela Cesgranrio. Estou inflada de orgulho e muitíssimo feliz - não só por essa notícia mas também por outras coisas boas que estão vindo.

Segue abaixo o poema vencedor, de minha autoria:

"Sigo escrevendo doces versos em falsete,
O tom perfeito pra quem quase quer morrer.
É tão estranho teu silêncio no meu peito
que eu escrevo para não enlouquecer.


Ondas revoltas no seu lar de esquecimento,
Desperto mágoas por lembranças sem razão.
Busco em segredo teus porquês em meus lamentos,
sigo escrevendo pra livrar-me da emoção.


Que antes da morte haja arrependimento,
Dentro do orgulho ainda bata um coração,
Que padre-nosso, ave-Maria - teu refúgio -
revelem chave a nos livrar dessa prisão.


Que no abraço, laço que se fez presente
Remorso e culpa já não vejam mais porquê.
E assim, Destino, amigo que nos reagrupa
revele enfim motivo que nos fez nascer."
 
Shalom!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Minha estranha loucura

Tua voz no telefone, mas não é você. Parece os transes que costumo ter, mas dessa vez é apenas um personagem seu. E de forma caricata, diz que queria falar comigo, me pedir prá cuidar de si. Até onde é você falando, até onde é seu personagem?

Do meu personagem sensato já me cansei. Estou inteiramente disposta a me expôr. Me desculpe se te incomoda, meu amor, mas é o amor que quer assim. Não há mais como suportar noites e dias a me revirar na cama, olhando tuas fotos, desejando um abraço, recordando o fácil encaixar das nossas bocas. Essa minha loucura não há remédio que cure, psiquiatra que diagnostique. Poeta que exprima, seresteiro que execute. Isso simplesmente existe, vive e pulsa dentro de mim apesar d'eu ter tentado sufocar por todo esse tempo, justamente para não constrangê-lo. Cansei, simplesmente. Prá mim sempre foi tudo ou nada, preto ou branco, não aguento mais viver esse cinza do meio-termo. Isso não me pertence!

O amor me atira às palavras. Me infla o peito, inflama o corpo. Como conseguir suportar essa febre sem ao menos dizer um "ai"? Sem ao menos pedir socorro ao único que pode me salvar... Se nada der certo, fica tudo bem, parto prá outra de coração livre e limpo como um cristal. Pelo menos vivi, da forma mais intensa que pude, essas sentimentalidades que moram nos nossos menores gestos. Guardarei apenas nossos doces momentos, não deixarei ficar nenhum resquício para eu chorar depois. Eu só não posso simplesmente sufocar com todas as palavras que tenho a dizer. Não aqui, nesse momento. Nesse agora que construímos da forma que nós quisermos, ainda que você não acredite nem em si.

E deixe que falem! Vivo prá desdenhar aqueles que não vivem e que falam, falam, falam... Só pode entender da febre quem já esteve febril; só pode entender da chama quem já inflamou... Quem fala, não sentiu. Se não sentiu, não viveu. Não quero ser como eles, "another brick in the wall". Sou vaca profana. De perto ninguém é normal.

E viva a loucura sã dos amores vividos até a última gota!


Shalom!